Em uma madrugada muito fria de outono, a garoa fina deixava tudo mais gelado na rua e pela janela ela admirava as gotículas d’água rodando com o vento. Lá fora alguém andava rápido sob um guarda-chuva e atrás do vidro ela imagina como a cama estaria quente e quão bom seria sentir o chá quente descendo garganta abaixo, enquanto se afundava nos travesseiros.
Uma rajada de vento entrou pelo vão da janela, seus ombros encolherem, esfregou as mão e fechou a cortina deixando as gotículas flutuantes para trás. Bebeu o chá, já embaixo das cobertas e sentiu o conformo morno se espalhando pelo corpo, pousou a cabeça no travesseiro, encaixou seu corpo ao dele que dormia há alguém tempo. Adormeceu.
Sonhou que derrubava talheres repetidamente, não conseguia mantê-los firmes em suas mãos, andava de um lado para o outro na cozinha e todo movimento que fazia algo ia ao chão. Acordou.
- Sonho estranho - pensou enquanto tirava o braço dele de cima de seu peito.
Estava acomodada novamente quando algo metálico caiu na cozinha.
- Talheres!
Sentou na cama, os olhos atentos e o coração batendo cada vez mais rápido.
Ouviu passos hesitantes pelo corredor, a luz da cozinha foi acesa e apagada rapidamente
- Louis! Louis!
Sacudiu seus ombros.
- O quê? Perguntou sonolento.
- Tem gente aqui dentro.
- Claro que tem, nós somos gente. Dorme, Françoise.
Virou para o outro lado ignorando-a.
- É sério, Louis, ouve!
A chave girou lentamente na porta da frente, Louis pulou da cama.
- Ouviu?
- Claro que ouvi, não te acordei por acordar. Tem gente aqui dentro.
Estavam agitados, se moviam rápido, mas cuidadosamente dentro do cômodo, olhavam-se espantados sem saber o que fazer.
- A arma! Onde está a arma? Perguntou Louis.
Françoise pegou a arma no fundo falso da gaveta, suas mãos estavam tremulas, nos olhos escuros lágrimas se acumulavam embaçando sua visão.
- Eu vou na frente, você fica atrás de mim com a arma, seja lá o que for, se vier em nossa direção você atira.
Abriu a porta do quarto tentando não fazer barulho, Françoise suspirou como quem toma coragem, mantinha a arma na altura do nariz, cano apontando para o teto, as mãos ainda tremulas. Andou praticamente grudada em Louis pelo corredor escuro, as batidas de seus corações eram audíveis.
Entraram na sala e pararam, só o tórax se movia freneticamente.
Perto da porta estava o homem dando impressão de que estava de saída.
Louis acendeu a luz.
- Quieto aí!
O homem se virou e encarou o casal.
- Pierre?
- Sim. Disse Pierre com um sorriso nos lábios.
- Como você entrou aqui? Perguntou Louis.
- Com a minha chave. Françoise respondeu caminhando até Pierre.
- O quê?!
Louis indagou incrédulo, a boca e as idéias em curva.
No quinto andar o menino adentra o quarto dos pais e pergunta assustado:
- Isso foi um tiro?
quarta-feira, 19 de maio de 2010
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Racinha!
E que fique registrada a minha indignação com o mundo e com as pessoas. Não é de hoje que eu não gosto de humanos, uma espécie que se autodestrói não merece ser tratada com alguma pompa. Ninguém é herói, santo ou missionário por completo, existe em cada um uma semente de mal que faz a destruição, a tristeza e o sofrimento virarem prazer e se deleitam ao ouvir as desgraças alheias
Não desviem água dos reservatórios, nem inundem meia Amazônia, não apodreçam os oceanos com petróleo, nem matem pássaros, peixes, anfíbios. Matem a si próprios, extingui-se a raça e se da por acabada a destruição, dois coelhos numa cajadada só.
Simples, prático, fácil de fazer.
Não desviem água dos reservatórios, nem inundem meia Amazônia, não apodreçam os oceanos com petróleo, nem matem pássaros, peixes, anfíbios. Matem a si próprios, extingui-se a raça e se da por acabada a destruição, dois coelhos numa cajadada só.
Simples, prático, fácil de fazer.
Assinar:
Postagens (Atom)